quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Descoberta bombástica!! Atenção.



Bomba!!! Atenção!!


Foi descoberta a verdadeira obra de Leonardo da Vinci. Chupa essa manga: O rosto da Mona Lisa ( ou La Gioconda) era uma FARSA!!!!!!!!!

Séculos e séculos de engano.

Paris(Museu do Louvre), 18 de fevereiro de 2007.

Foi constatado pelo laudo de número 69.69696969 que a pintura do famoso Leonardo da Vinci, trazida da Itália para França em 1516, exposta anos depois no Museu do Louvre, estava com o rosto coberto por uma película protetora. (...) [ESPANTO GERAL: O QUÊ????..MAS ISSO É IMPOSSÍVEL!!!](...)

Pois é... Esta película demonstrava uma mulher com o rosto introspectivo, sem graça e um sorriso restrito, o que nos fez acreditar na conhecida expressão de nada com coisa nenhuma. Após todos estes séculos, hoje à tarde, ao fazer sua visita de rotina, a excelente restauradora de pinturas, Lysa Santos, brasileira, 20 anos, pós-doutorada em passar dedos em quadros (existe isso?!?), passou seus delicados dedos sobre a pintura e qual foi sua surpresa, acabou sentindo uma película sobre o rosto da Mona Lisa. Ao puxar esta película, percebeu um novo rosto, chegando a feliz conclusão que, a expressão de nada com coisa nenhuma da Mona Lisa nunca existiu, ou seja, foi um grande equívoco por todo esse tempo[GRAÇAS A DEUS!!].

A expressão encoberta, no entanto, apresentou-se radiante, chique, sedutora, sexy, mostrando ainda que, o grande Da Vinci foi um homem de muito bom gosto.Portanto, esqueçam aquele quadro horroroso em que aparece "La Gioconda" com cara de pastel. Se vc tem o quadro com a expressão falsa em sua casa, queime-o!!! Se vc possui livros com aquela imagem sem graça, rasgue-os, pois, a partir desta descoberta bombástica, a obra com o verdadeiro e lindo rosto de La Gioconda deverá ser reverenciada e exposta nas paredes de todas as pessoas de classe, de bom gosto e que apreciam uma verdadeira obra de arte!E se vc não tinha aquele quadro horrível da Mona Lisa, agora vale à pena comprá-lo, afinal de contas, vc é chique, bem!



(Bethânia Santos - Menos pálida que a Mona Lisa - 18.02.07)

Status...



É...sou uma cidadã comum...e ainda Professora do Estado do RJ...

Podem gargalhar.

Marchinhas de Carnaval - Parte I

Hoje, me peguei pensando em minha avó Alice...Que saudade!
Como um pensamento leva a outro, acabei estendendo a lembrança às marchinhas de Carnaval que ela, alegremente, cantava...e nós ríamos..ríamos...

Tinha uma em especial, que ela adorava: "Lá no bananal, mulher de branco levou pr'á índio colar esquisito...Índio viu presente mais bonito: 'Índio não 'qué' colar!! Índio 'qué' apitoooo!!' Êêêêê...Índio 'qué' apito ...se não 'dé' o pau vai 'comê'...

Muito show...

E o pensamento voou mais longe...Fui recordando outras, outras e outras marchinhas de Carnaval. Como sou bem curiosa, e quando 'engreno' num pensamento, não costumo me desligar facilmente, liguei o computador e comecei a pesquisar mais e mais marchinhas...
Encontrei algumas ótimas. Ri muito...
Voltei no tempo...no tempo da inocência.
Tempo que era tão bom ver os blocos de rua... Assistir a TV mostrando um Carnaval alegre e simples...

Ah, se esse tempo voltasse...

"Vê...estão voltando as flores
Vê...nessa manhã tão linda,
Vê..como é bonita a vida,
Vê...há esperança ainda
Vê...as nuvens vão passando,
Vê... um novo céu se abrindo...
Vê... o sol iluminando,
Por onde nós vamos indo..."
(Bethânia Santos - 30.9.09)

Marchinhas de Carnaval - Parte II


Em minhas buscas às marchinhas de Carnaval, encontrei algumas muito engraçadas.
Esta, por exemplo, recheada de cacófatos, manifesta a alegria e o humor espontâneos do brasileiro com um quê de ousadia para a época...
(Nota: Ainda faltam 4 meses para o Carnaval)

(Bloco de Campina Grande - Paraíba - 1935):


EVA E ADÃO


'Eva coava
Eva coava
O café que Adão tomava
Eva coava, Eva coava
O café que Adão tomava
Um dia Adão coou com o coador de Eva

E o saco furou
Nunca mais Eva coou
Um dia Adão coou com o coador de Eva

E o saco furou
Nunca mais Eva coou

(...)

Havia um periquito
Havia um tatu
Mas o diabo da caça era o jacu
Ah, jacu cozido! Ah, jacu assado!
No óleo de dendê
Ah, jacu, pra nóis cumê!'

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Não se estresse! Faça sua lista de compras do mês...





Ontem eu ri muito com um comentário que minha tão querida amiga fez...
Não conseguirei reproduzir fielmente a sua fala, mas foi mais ou menos assim: "Ah, a turma estava tão agitada... Enquanto poucos alunos estavam fazendo o trabalho, outros falavam alto e a maioria bagunçava, eu tirei um papel da bolsa e comecei a fazer minha lista de compras."

(...)

(Hã?!?...Como assim?)

O melhor papo do dia!!...kkkkkkkkkkk

Por que será que alguns comentários curtos, que até parecem banais, acabam se tornando tão engraçados e inesquecíveis??

Eu conheço aquela turma (não é das piores, mas, os garotos estão naquela fase de 13 aos 16 anos, sabem como é...) - se distraem facilmente, não ligam muito para os estudos e acabam bagunçando mesmo a situação toda.
Imaginei a cena - Barulho ensurdecedor da conversa (eles não sabem falar baixo), e minha amiga lá: "Arroz, feijão, pão..."

A situação do magistério está difícil. A gente até tenta fazer um bom trabalho...massss, estamos tão desmoralizados, alguns alunos não respeitam os professores, o governo não nos valoriza... Nos encontramos largados, sem incentivo algum...

Temos que tentar extravasar de alguma forma.
Não adianta 'dar murro em ponta de faca'!
O senso de humor ainda é a melhor válvula de escape, seguido logo de certa despreocupação...

O comentário de minha amiga me fez estabelecer uma comparação entre a agitação das crianças, a lista de compras e a opção entre o desespero e o autocontrole.
Algo do tipo: 'Não enxerga solução? ...Tudo parece bagunçado?...Há muito barulho? Tem confusão?... DESLIGUE-SE!! RELAXE! Ou espreguice-se e diga: "Ahhh..ai..ai...Não vale à pena o desgaste..."

Algumas pessoas se estressam e ficam o resto do dia mau-humoradas, contaminando a si mesmas e aos outros que estão por perto; outras, simplesmente, tiram um papel da bolsa, pegam uma caneta e fazem a lista de compras do mês...
Já fez a sua lista hoje??!?

Minha amiga é ótima!!!


(Fato ocorrido em 28.9.09 - Conversa na sala de professores na hora do intervalo...)

"Agora, minha barriga é tão nobre quanto o meu coração..."
(Nossa...um pensamento nada modesto...rs)
♪ "...É que Narciso acha feio o que não é espelho..."♪

Pássaro Azul.




O Pássaro cresceu, amadureceu.

Bateu pela primeira vez suas asas azuis e encontrou-se com o azul do céu.

Sentia o empurrão do vento para o mundo, para a vida...para cada vez mais longe do seu ninho.

Voou, voou...

Voou de Norte a Sul.

Pode voar, Pássaro azul.

Encontrou um novo lar.
(Bethânia Santos - 29.9.09 - Em um dia nublado.)

sábado, 26 de setembro de 2009

HOJE






Estava pensando no que escrever por hoje.
Já iria desistir...
Achei que tivesse sido um dia normal, comum.
Achei que não tivesse acontecido nada que me desse inspiração.


Foi um dia tão corrido, tão agitado, mas sem grandes novidades. E eu não iria deixar que minha mente fluísse.


Não me dei conta de que a maior motivação, a maior inspiração é a minha vida...o meu agora - os detalhes.


Esqueci-me dos detalhes.


Estou lendo um livro chamado: "O poder do agora." . Já estou finalizando minha leitura após algumas semanas. (A gente acaba demorando um pouco para pôr em prática as lições que aprendemos..rs)


No início, ainda não entendia a essência do que o autor do livro queria mostrar.


Com o passar das páginas, a essência das ideias foi se apresentando e eu, finalmente, consigo perceber o verdadeiro poder do momento presente, do real em que vivo, do pensamento instantâneo.


Descobri que a preservação do ser humano está no agora, no imediato, em cada sensação.


As lembranças do passado já não existem. As expectativas do futuro são insólitas.


Não tenho o direito de achar que o meu 'hoje' é banal, é comum...


Eu seria muito injusta se mantivesse este pensamento mesquinho.


O meu 'hoje' foi, e está sendo especial pelo fato, simplesmente, de eu estar respirando, de eu estar vulnerável a cada sensação - um bom banho, a água morninha jorrando pelo corpo, o cheirinho do sabonete, da comida, o gosto docinho da barrinha de cereal, a água geladinha que refresca a sede, os movimentos dos dedos nas teclas do computador, a melodia mais linda que chega aos ouvidos, o silêncio percebido...


Cada sentimento é ímpar, e para isto, é preciso que a mente não trabalhe tanto. Caso não dê uma pausa, os pensamentos acabam nos dominando...Nós temos de ter o absoluto controle sobre o que pensamos. Se assim não for, acabaremos escravos da mente; e as sensações do agora, do mais importante momento atual, acabam sendo perdidas no tempo.


Os detalhes de minha vida são sensacionais, mágicos.


Obrigada por este dia.
(Bethânia Santos - 25 . 9.09)

CAMA-DE-GATO...Grampola no poder...

Grampola era uma moça, aparentemente, simples e gentil que fora convidada a estagiar numa empresa que passava por situação difícil.

A instituição estava desorganizada, os funcionários insatisfeitos com a desvalorização profissional e o salário não era compensador.


Apesar da falta de estímulos, os trabalhadores conheciam perfeitamente seus deveres, e cada um se esforçava para a obtenção de algum sucesso. O chefe, no entanto, parecia pouco entusiasmado, não fazia mais tanta questão de pôr ordem naquele setor.


A alegre Grampola começou humildemente em sua função modesta, ajudava um, aconselhava outro e trabalhava com afinco. O chefe do setor, observando então, a espontaneidade da moça, achou por bem, contratar definitivamente os seus serviços.


Grampola recebeu a incubência de mais algumas funções, inclusive auxiliar seus colegas.


O tempo foi passando e, junto com ele, passava também a delicadeza e o altruísmo da ex-estagiária.


A moça logo começou a contar para o chefe tudo, e mais um pouco, do que acontecia na empresa. Na maioria das vezes, "floreava" os acontecimentos para dar mais ênfase à sua grande "competência" em observar o erro dos outros.


O chefe parecia satisfeito, mas, no fundo, pensava que o que a nova funcionária fazia, era algo antiético e temporário, afinal de contas, o que é mesquinho pode até ser útil momentaneamente, mas com o tempo, torna-se repetitivo e sem graça.


Grampola pensava que estava sendo muito eficiente em tomar conta dos afazeres dos outros. Na verdade, estava se sentindo o braço direito do chefe. Olhava seus colegas de trabalho com superioridade, dava ordens de maneira áspera, anotava os erros e, ao final do dia, "prestava contas" ao seu superior.


A situação estava ficando chata, porque a moça já estava ficando conhecida como "a perigosa da empresa", a "X9", e os outros funcionários não tinham mais aquela amizade do início, aquela cumplicidade pela menina sem escrúpulos, e conversavam entre si: "Como alguém que entrou há tão pouco tempo, que está no "mesmo barco" que nós, que não irá ganhar nenhum benefício além do nosso, se presta a um papel desses? Fica dando uma de chefe, berra conosco, acha que tem o direito de nos dar ordens e, como se não bastasse, no fim do dia, entra na sala do patrão e nos apunhá-la pelas costas??"


A revolta era total...


Só que a vida não perdoa e não espera muito tempo por mudanças, a funcionária, que se achava padrão, foi se tornando passada, cansativa... e seu chefe foi enjoando daquela situação como já havia sido previsto.


Resolveu que Grampola deveria cumprir somente um papel naquele lugar - o de uma simples funcionária dedicada e, principalmente, calada. Retirou-lhe toda a autoridade antes concedida, e não aceitou mais a ideia de a moça falar de maneira indelicada com seus colegas, pois percebeu que ela havia confundido autoridade com autoritarismo.


A funcionária titubeou, mas não lhe restava escolha. Ou deixava de lado aquele comportamento ou seria uma moça desempregada.


Na verdade, acabou sobrando-lhe a segunda opção, pois apesar das recomendações do chefe, Grampola continuou com sua arrogância, não resistindo em falar mal dos outros. Bateu novamente à porta de seu superior e começou a reclamar de todos, fazendo-se de vítima. Queria mesmo uma brecha para ver o "circo pegar fogo"...


Após Grampola ter, mais uma vez, "relatado seu trabalhoso dia", o chefe ficou profundamente irritado, abriu, então, a gaveta, pegou uma documentação de dispensa e disse à moça que, no dia seguinte, ela poderia acordar mais tarde e fazer fofocas da janela de sua casa, pois naquela instituição, ela não colocaria mais os pés.


Algumas pessoas devem aprender muito com a vida...Não sabem dar valor às oportunidades. Agem como insanas quando algum tipo de poder lhes é oferecido.


A única coisa que acaba-lhes sobrando é a janela de suas casas...
(Bethânia Santos - 09)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A esperança de volta...



Quando minha avó Alice se foi, depois das lamentações, resolvi, de súbito, engravidar.

Comecei a pensar como tudo era tão efêmero, especialmente a vida. Então, por que adiar mais um sonho, uma alegria de ter um filho nos braços?

Lembro-me, prontamente, de quando conversei com meu marido. Estávamos na sala, à noite, assistindo a novela e eu disse que havia pensado em tudo que tinha acontecido e, a partir de então, iria interromper o uso do anticoncepcional.

Meu marido não cabia em si de tanta felicidade. Ficou empolgadíssimo com a ideia.

No dia seguinte, conversei também com meus pais, que também ficaram muito felizes.

Minha expectativa era tamanha...

Um dia sem tomar o anticoncepcional e eu já me sentia grávida.

A partir da decisão de ter, finalmente, um filho, comecei a imaginar em todos os instantes um serzinho fofo em meus braços...O meu bebê!!

Comecei a sonhar em ser chamada de mãe.

Acontece que 'querer não é poder' (Xuxa sempre esteve errada...rs)

O tempo corria, e eu questionava os médicos...A ansiedade aumentava.

Nesse misto de angústia e questionamentos, coincidentemente, algumas pessoas me cobravam um filho. Sabe como é. Tudo contribui para aumentar a ansiedade e o sofrimento.

Os anos foram se passando e, como eu não tinha sucesso, este assunto começava a me incomodar profundamente.

Tentava ocupar minha mente ao máximo com trabalho. Dormia tarde, acordava muito cedo, trabalhava em três turnos, dando aulas, lidando com os filhos dos outros.

O fato é que eu queria o meu filho...não mais os dos outros.

Comecei a ficar neurótica e trocava de ginecologista como de roupa.

Os médicos pediam exames e nenhum problema aparecia. Meu marido fazia exames e estava tudo ótimo...

Ora bolas! Dentro de mim, nada mais estava ótimo...muito pelo contrário.

O engraçado é que nesse ínterim de questionamentos, muitas amigas, conhecidas ou até mesmo mulheres da família engravidaram e ligaram para dar a grande notícia.

Chegavam, simplesmente, e contavam: "Tenho uma novidade! Estou grávida!"

E eu fazia uma força tremenda para não berrar: "Pombas!! Novidade vai ser quando eu engravidar!!!"

Algumas ainda emendavam: "Mas, e você?? Quando vai se animar?"

Eu não ficava com raiva das pessoas em si, mas da situação pela qual eu passava...pelo constrangimento das cobranças, entende?

Eu não tinha inveja das mulheres que conseguiam, mas eu também queria receber essa dádiva e não conseguia.

Meu marido já estava meio perturbado com a situação. Sempre foi muito bom comigo, nunca me cobrou nada, mas eu sabia que lá no fundo de seu coração, ele sentia um imenso vazio por ainda não ser pai.

Uma vez chegou a me dizer que havia conversado com família dele para que não houvesse mais 'cobranças' por um filho... Fiquei péssima.

É muito ruim, você não ver uma luz no fim do túnel e as pessoas ainda ficarem espezinhando.

Só de perguntarem, eu já achava que era perseguição, que era proposital para que eu sofresse.

Bom, passaram-se mais de cinco anos, e todos já estavam se acostumando com a ideia de eu não ter engravidado. (Menos eu, apesar de fazer com que tudo parecesse natural)

Oito anos de casada e sem filhos. Momentos felizes com o maridão, mas, às vezes, batia aquela tristeza.

A comemoração do 'Dia das mães' de todos os anos passou a ser terrível.

Sempre a mesma coisa - Eu ia à casa de minha mãe, fazia os cumprimentos... ficávamos felizes por alguns instantes e eu voltava para minha casa já com um buraco no peito.

Todas as minhas amigas estavam comemorando aquele dia. E eu, na minha casa, sozinha, sem um ser que me cumprimentasse, que me desejasse tudo de bom naquela data tão especial.

O que eu fazia?...Abraçava meus três cães...e os chamava de filhos...Meus bebês...

Complicado. A pior coisa que existe é sentir pena de si mesmo. E eu sentia.

Fui me acostumando com a ideia de não ter nascido para ser mãe.

Cheguei a falar para meu marido que, se ele quisesse se separar de mim para tentar ter um filho com outra...que ficasse à vontade. (Nossa...quando me lembro disso...Definitivamente, eu não estava no meu juízo perfeito...)

Fui a um médico, que me aconselhou a procurar um especialista.

Não procurei nada. Estava muito desestimulada para isso.

Mais uma vez, troquei de ginecologista, e este último me disse que o melhor que eu e meu marido poderíamos fazer, seria tentar uma inseminação artificial, deixando bem claro que seria um tratamento caro e que poderia não dar certo.

O fato é que nós não tínhamos os valores para o tratamento. Realmente, para se fazer uma inseminação artificial, é preciso dispor de uma boa quantia, ou então, fazer um sacrifício com poupança, empréstimo, venda de algum bem...Até porque, na maioria das vezes, não funciona de primeira, há mais gastos com medicamentos...E eu achei que, na época, seria trabalhoso demais...Além disso, tínhamos compromissos com outras contas.

Resolvi por bem (ou por mal) dar um basta à situação, decidindo, finalmente, não tocar, nem pensar mais no assunto (Ah...eu tentei, né?). E quando alguém insistia em perguntar, eu já fechava a cara e dizia que achava que não teria filhos, que talvez, mais tarde, adotaria uma criança (Independentemente de meus sentimentos, sempre achei um grande ato de amor a adoção). Só que naquele momento, não queria mais pensar no assunto 'filho'.

O tempo continuou correndo (Cazuza foi iluminado quando disse que o tempo não parava...) e no ano passado - 2008 - tivemos um grande choque, uma grande tormenta - Meu querido pai ficou doente no meado do ano. Quanto sofrimento...Meu Deus... e no final do ano - 27 de dez.- não resistiu à doença agressiva e faleceu.

Perdemos o chão... A família inteira perdeu seu rumo.

Meu pai não era um simples pai...Era uma pessoa excepcional!! Tinha um amor incomensurável. Foi um final de ano horrível...indescritível.

Caímos em depressão, dor da perda, dias inacreditáveis, inconsoláveis.

Entramos em 2009 anestesiados com tudo.

Decidi mais uma vez que a vida tinha que continuar, apesar de 'ir por ir'.

Retornei ao trabalho em fevereiro. Meu marido me levava mais vezes para sair, a fim de que eu me distraísse...Minha mãe e minha irmã tentavam levar a vida também.

Em março, no meu aniversário, chorei copiosamente. Desliguei-me do mundo. Não queria atender ninguém, olhar para ninguém. Era meu primeiro aniversário sem meu pai.

Abri uma pasta antiga de cartas e lá procurei algumas cartinhas de 'feliz aniversário' que ele sempre me escrevia...Foi muito triste...muito doído...

De súbito, me peguei conversando com 'meu anjo-pai' e com Deus ...Eu estava com as cartinhas de 'feliz aniversário' dos anos anteriores nas mãos e pedia que nos ajudassem a não sofrer mais...que aquela imensa dor diminuísse. Que algo fosse feito para amenizar a tão forte dor da perda.

Em abril, comecei a engordar absurdamente ( eu havia emagrecido quase dez quilos em meio ao sofrimento do ano anterior.)

Estava me sentindo estranha. Meus seios começaram a ficar escuros e pesados e eu sentia uma dor de cabeça constante.

Não queria acreditar que, depois de ter passado por tanto sofrimento, eu também ficaria doente e poderia causar mais preocupação e dor à minha família.

Até que no dia previsto para minha mestruação descer, não aconteceu... e mais apreensiva eu fui ficando.

Achei que tivesse muito doente, talvez tão anêmica, que nem sangue eu tinha mais.

Isso foi me apavorando. Será que eu acompanharia meu pai logo no ano seguinte? Mas que tristeza para minha família, meu Deus...

Meu marido estava bem preocupado...

Resolvi ir à emergência do Hospital Nossa Senhora do Carmo. Fui sem falar nada a ninguém, nem mesmo ao meu marido.

Fui atendida, conversei com a médica, falei que estava muito estressada, falei sobre os problemas pelos quais tínhamos passado e que eu estava com muito medo de estar doente.

A drª. fez algumas perguntas, passou alguns exames e um exame de sangue em especial...O 'beta hcg' -

Nem perguntem a minha reação, né?

Fiquei revoltada!

Aqueleeee assuntoooo do qual eu não queria mais falar, que estava guardado há um tempo, estava voltando e ainda querendo dar esperanças??? Fiquei 'p' da vida!

Fui ao laboratório e fiz o exame.

Quando meu marido chegou do trabalho, disse a ele o que havia se passado e ele não parecia tão empolgado...Estava com medo de ter expectativa em vão. Estava preocupado.

Ele não queria, assim como eu, ficar mais uma vez, depois de tanto tempo, frustrado.

No dia seguinte, eu já não me aguentava de curiosidade, embora não quisesse me frustrar ou demonstrar esperança ao meu marido. Toda a ansiedade, que estava adormecida, tinha voltado. Fora o medo de estar muito doente...Minha cabeça estava latejando.

Liguei para o laboratório e o biólogo não tinha assinado o exame. Me deu uma raiva!! Tentei que a atendente me dissesse o resultado, mesmo sem a assinatura do infeliz, mas ela se recusou. Disse que eu teria de esperar até o dia seguinte...."Ah...tão simples...tá bom....", pensei.

Fui até a farmácia mais próxima e comprei um teste de gravidez. Meu marido, a essa altura já tinha me ligado umas quinhentas vezes..rs...

Ele não queria demonstrar ansiedade, mas não adiantou nada.

No dia seguinte, de madrugada, fiz o teste da farmácia (tinha que ser a 1ª urina da manhã...afff). Só que eu estava sem minhas lentes de contato e não enxerguei bem as tais listras que tinham que aparecer. Acabei mijando minha mão toda...kkkkkk

Chamei meu marido pra me ajudar em uma segunda tentativa, mais um jato de xixi. Ele segurava o teste, só que tremíamos tanto que eu acabei fazendo xixi na mão dele toda também...kkkkk...

Bom, o teste da farmácia não deu certo pra gente.

Resolvi esperar mais algumas horas e pegar o exame no laboratório mesmo.

Liguei e a moça disse que estava disponível...Eu nem perguntei mais nada. Entrei no carro e fui até lá.

Peguei o exame com o coração aos pulos...

Abri e ...... legal...Não entendia nada...Não estava escrito 'positivo' ou 'negativo'...Havia umas numerações...

A minha sorte é que o biólogo, que eu tinha xingado tanto no dia anterior, estava lá e eu o parei e pedi que lesse o exame para mim. Ele, simplesmente, me olhou e me deu os parabéns, dizendo que eu estava com, aproximadamente, 4 semanas de gestação.

(...)....Aaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!...

(Eu não dei este grito!)

Eu olhei para a cara do cidadão, peguei o exame, nem me lembro de ter agradecido a informação. Saí e, sinceramente, até hoje, não me lembro de como cheguei em casa...

Só me lembro de vir 'martelando' na minha mente: "Não posso bater com o carro...Não posso...Tenho que ir devagar, tenho que enxergar o trânsito..."

Cheguei em casa, liguei para o meu marido e joguei a notícia: "É...marido, você vai ser papai!" - Foi simples assim e por telefone!

Eu acho que ele caiu no trabalho porque ele dizia: "Ai, meu Deus....Ai meu Deus" e em seguida, eu não ouvi mais nada...kkkkkk

Mas aí, se caiu ou não (até hoje não perguntei), eu deixei por conta dos colegas dele...Naquele instante, contei mesmo com a 'ajuda' dos colegas de trabalho de meu marido porque também estava ansiosa para compartilhar com minha mãe e minha irmã.

Minha irmã chorou muito...e minha mãe ficou parada...Acho que congelou. Fez a mesma cara que eu havia feito quando o biólogo me deu a notícia, ou seja, cara de nada com coisa alguma...

(...)

Quando meu marido chegou do trabalho à noite, ajoelhou e abraçou minha barriga...Chorou...

(...)

Hoje, estou com seis meses...e o bebê é um menino...O Joaquim Neto - uma homenagem mais do que justa ao meu pai.

Joaquim Neto nascerá no final de dezembro.
Pois é...Deus faz tudo certo...Tudo perfeito! Meu pai se foi no finalzinho do ano passado...e meu bebê nascerá no finalzinho deste ano...
Coincidência? Milagre?

Realmente, querer não é poder NO TEMPO DA GENTE...

Querer só é poder, no tempo certo, no tempo de Deus...no tempo de consolo, no tempo que a gente pensa que está vivendo na maior apatia, que a gente pensa que só está vivendo por viver...

Uma vida nova para trazer alegria a todos os meus...

E o anjo-pai, o vovô Joaquim, tá rindo lá em cima...

É, Deus...essa foi a melhor de todas...


(Bethânia Santos - Setembro/09)




Flores



Ultimamente, venho desenhando flores.

Flores alegres, tímidas, tristes...

Lindas!

O nome FLORES já fala por si.

Parece-me enfeitiçar.

Olhem cada letra - F L O R E S... E ainda no plural!!

Fabulosas, lindas, ornamentadas, raras - enlouquecedor, sentiu?

Espasmos de prazer.

Hummmm...Cheiro bom!

Sensibilidade no significado dos desenhos.

Mas, sensível até que ponto exatamente?

Miolo ou pétalas?

O caule talvez -

As folhas somente aplaudem.

E se alguma rosa vier com espinhos, é só uma autodefesa...

Todos a temos.

O importante é o efeito - cores, sentimentos.

Perfeito! Continuo desenhando flores...


(Bethânia Santos - dez/07)

Poesias.



Não faço poesias para o entendimento de ninguém.

Poesia só é válida para quem a cria.

O fundamento está aí.

O fundamento é resultado do que é inesperado;

Do que é infundado.

Sentimento é poesia.

Um olhar crítico é poesia.

A pureza é poesia.

O verdadeiro poeta?

Todos que têm qualquer tipo de verdade.

Definição da poesia?

Um olhar infantil...

A visão da criança.

A lantejola que vira CD de formiga.

A lesminha que vira 'rastejante de brilho'.

O sal que vira montanha de gelo.

Vivamos o mundo inocente.

Enxerguemos a poesia.


(Bethânia Santos - Setembro/07)

CORES




O preto - lindo, expressivo. Para os olhos, não há melhor.

Na companhia de sombras extenuantes...

douradas, azuis, verdes, liláses.

O vermelho para a boca. Boca linda e sexy.

O rosa para as bochechas.

Bochechas saudáveis e felizes...

O rosto pálido se completa.

Se baseia na base.

E cada linha resplandesce...

E a idade é disfarçada.

Para mais ou para menos.

É um dom supremo

Que sugere uma abordagem

Não vivamos sem as cores

Pegue a sua maquiagem e jogue com o tempo!

Só você poderá viver este momento...
(Bethânia Santos - 2007)

Angra.



Viagem longa.
Acho que caminho bem...
Roupas, malas, chinelos.
Cumprimento os desconhecidos com uma intimidade encantadora.
Descubro cada local. Cada canto se apresenta com a mais pura gentileza.
Todos juntos; Eu, separada.
Sempre foi assim.
No meio de muitos - a solitária. A gostosa solidão.
Deixei as malas.
Saí, olhei, sorri.
Lá fora, a brisa, o mar infinito me abraçava.
"Como vai, menina adolescente? O que fazes aqui?"
Eu apenas esbocei um sorriso e sentei-me na areia tão alva.
Músicas do Legião - 'De tarde quero descansar...' ; do Cidade - ' Permita que o amor invada sua casa e coração...'
E eu...
Eu, ondas, areia, canções e a tranquilidade.
O cheirinho da fumaça do churrasco que havia acontecido mais cedo.
Estava em êxtase, bêbada de maresia, hipnotizada de sonhos.
Um saveiro, uma nuvem e a prainha ' do titio'.
Saudade...
Escurece.
"Boa noite, tímidas estrelas!"
Céu e mar se encontram numa escuridão sombria.
Suspiro e despeço-me com um quê de felicidade.


(Bethânia Santos - 1997)

MELANCOLIA




Sala vazia; espaço grande.

Paredes que olham e percebem o vácuo, o deserto.

Choro.

Alguém perguntaria: " Por que as lágrimas?"

Não haveria respostas porque as lágrimas falam por si.

Um lenço aparece e refresca o rosto; disfarça o sofrimento.

O riso se reestabelece. Um riso triste, discreto, calculado.

Não serve para nada. Não serve para mim.

A figura amiga e calma serve apenas para os de fora.

A de dentro sabe, entende, compreende o incompreensível.

Saio pela porta.

As paredes se despedem.

Continuam lisas e brancas.

Continuam tristes e caladas.

"Até, paredes"...



(Bethânia Santos - julho/08)


Sem título




Imensidão, azul, calmaria.

Momentos inesquecíveis.

Tranquilidade que irradia o coração. Coração atribulado, confuso...

Perplexo em fantasia.

Alma que entende o plantar e o colher, o erro e a consequência, mas que insiste em alimentar a vaidade.

- "Cuidado!" O Ser avisa.

Mas quem liga para o Ser?

Deveriam ligar.
Deveria me importar...

No fundo, me importo.

No fundo, me comporto.

E em resposta - a solidão; a vontade reprimida -

Vamos vivendo...Afinal,

Quem não vive assim?



(Bethânia Santos - 2007)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Depois da explosão do forno





Isso que dá... A gente tenta fazer algo gostoso (além do sexo) na cozinha e acaba se f*d&nd*...
Acabei entrando pelo cano...não da pia (antes fosse...)

Nunca fui boa cozinheira, às vezes, tento, mas, como dizem por aí: "Sou brasileira e já desisti há muito tempo..."


A receita ali, aos meus pés...submissa e pronta para servir.


Só um bolo ora!! Nem recheado era! Sabe aquele 'bolo-bolo'? Bolo simples...daquele tipo que a gente gosta de comer à tardinha acompanhado de um café puro? Pois é.



Definitivamente, culinária é um dom...não um aprendizado.



Aprendi muitas coisas, menos cozinhar bem...



CUzinho..ops..quer dizer....cOzinho o trivial...o arroz, o feijão, carnes, legumes...bem básico mesmo...
E, algumas (raras) vezes, quando sinto prazer em cozinhar, quando vejo que estou com tempo (quase nunca) ou então, quando faço com muuuuito amor, até sai gostoso!!!



Mas meus traumas vêm com os bolos...os de sabores então? Putz...
Nem vou falar sobre um bolo de abacaxi que fiz outro dia...(Deixa para outra ocasião).



Para finalizar mais esta minha experiência (que agora deverá, com certeza, ser a última, tirando os bolos de caixinha),apresento-lhes:A explosão do forno, do bolo, das roupas, do rosto...



Meu novo visual é este...o de cUzinheira frustrada!



Estou pensando na possibilidade de,no próximo aniversário, comprar um bolo pronto,...ou então...fazer um arroz, feijão, carne moída e legumes...




(Bê - Cozinheira do trivial, no entanto, problemática com bolos - 20/03/08 )

'What's up?'


**WHAT'S UP?** ***Four non blondes***



Amo esta música. Tudo a ver com minha adolescência. Muitas saudades...

Música que me trazia um sentimento de melancolia, mas, logo em seguida, de revolução, protesto, o peito ardia...Subia uma agitação e uma vontade louca de mudar tudo, sacudir o mundo, transformar, organizar...putz..não conseguia nem organizar meu próprio quarto...


Total ilusão. Até porque, hoje em dia, tenho medo de mudanças...

É...eu era corajosa com essa "ilusão adolescente".

Às vezes, sinto falta dessa coragem, dessa disposição para mudanças que eu não sabia de onde vinha.

Pow... saudade mesmo.

Agora, quando a escuto, não sinto mais a revolução que borbulhava em mim...não tenho mais vontade de mudar tudo, mudar todos, mudar o mundo (até porque não posso fazê-lo)...mas o peito ainda arde...o coração ainda bate forte...

Sinal bom. Sinal de que aquela adolescente cheia de sonhos, está em algum lugar...

Sinal de vida!! E olha que outro dia, falei ao meu marido: "Quando eu morrer, espero que você coloque esta música no meu velório...".

Ai, cruzes!!!! E...Quem disse que eu quero morrer?? Algumas vezes, a gente fala cada imbecilidade... Imbecilidade adolescente...


(Bethânia - 31/05/06)

IN CLEÓPATRA





IN CLEÓPATRA
(A reencarnação da Serpente...)


A rainha do Egito estava muito angustiada. Queria ficar com Marco Antônio, mas ainda pensava em Júlio César. Uma situação complicada!

Júlio César, apesar de morto, ainda reinava em sua mente, mas Marco Antônio a impressionava com o seu poder...e interesseira como era, não perdeu muito tempo com as dúvidas.

A união não durou muitos anos. Marco Antônio suicidou-se, pois não aguentava mais ver Cleópatra gastando tanto, indo a Pirâmides Shoppings, Pirâmides Joalherias, Pirâmides Salões de beleza.

Na verdade, Cleópatra tinha este distúrbio. Era a rainha mais consumista de todos os tempos.

Após a morte de Marco Antônio, Cleópatra não quis mais saber de homem nenhum, pois todos vinham com defeito de Pirâmides. Resolveu, então, ficar com a serpente. Esta sim, enchia Cleópatra de presentes, joias, perfumes, não reclamava de nada...Não gostava de assistir futebol, nem roncava.

A união era mais que perfeita, se não fosse por um pequeno deslize de Cleópatra.

Naquela manhã, a serviçal estava limpando a casa e retirando as teias de aranhas dos cantinhos. Cleópatra estava sentada ao lado da Serpente. A serviçal encontrou uma aranha enorme e deu um grito. A serpente, querendo mostrar serviço como sempre, arrastou-se muito rápido e comeu a aranha! Cleópatra ficou uma fera ao ver aquilo e gritou muito com a coitada da Serpente, que ficou magoada. À noite, a serpente ainda tentou dialogar, mas a rainha, no auge de sua TPM, só sabia berrar. Pegou ,então, uma faca e partiu para cima da Serpente que, para se defender, picou Cleópatra, destilando seu doce veneno. A soberana do Egito caiu morta, suas jóias se espalharam pelo quarto e a serpente entrou em depressão.

Nos dias atuais, a serpente faz terapia, enrolada em árvores e oferecendo maçãs a mulheres que não querem pecar...





(Bethânia Santos - 01/05/06 )

A segunda poesia (Ao meu pai)




A SEGUNDA POESIA (Ao meu pai)


Sua vida foi a primeira poesia criada com louvor
Uma gloriosa obra de arte. Chamo esta, humildemente, de segunda...
Você sempre me ensinou o melhor caminho
Foi o mais belo professor
Com todo cuidado, dizia: “É tudo na base do amor..."
O amor mais puro que conheci e vivi.
Seu sorriso foi sempre solícito. Graças a você, eu existo.
Quando nasci, você, de emoção, ficou sem sossego e por pouco, não largou o emprego.
Um momento de insanidade só por amor.
A cada passo, a cada aprendizado, uma comemoração. E cada vez mais, de orgulho enchia o seu coração.
Aprendi a ler, a entender, a viver. Tudo isso com você.
O alicerce mais firme da casa.
Quando algum temor aparecia e ficávamos mudos, você emendava: “Calma, Deus está no controle de tudo!”
O nosso super-herói.
É... cresci, amadureci, e você envelheceu, mas continuou me dando lições de amor... até na dor...
Hoje, você se foi...nada igual ficou
Deus quis assim. Ele o chamou. Parece que o Todo Poderoso precisava de mais um anjo.
Está aí, trabalhando como sempre, sem descanso, em suas vestes esplendorosas.
Tem prazer no labor.
A saudade ainda é doída, ainda está ferida...Mas passa, afinal de contas, você está em graça.
Eu sou uma felizarda. Tenho o meu pai ao lado do Criador.
Você...você...você...Meu grande amor. Minha saudade, doçura e retidão.
Sem você...humm...eu não sei não...
Driblo o tempo da maneira que dá. Sinto-me engasgada, quando começo a me lembrar dos momentos de emoção, dos risos, brincadeiras, mas nunca brigas!
Você nunca brigou...É mesmo. Nunca!
Você aconselhou, chamou atenção, mas brigar?!?...Não!!!
É...passou...E o que me restou foi o seu olhar com aquela cumplicidade de sempre.
As suas falas tão meigas, as frases feitas...perfeitas!!
É...não dá mais pra me expressar. Essas senhoras lágrimas já estão querendo rolar, mas que teimosas!!!
Vou a sua casa e insisto em procurar em cada cantinho, em cada móvel. No perfume que ficou no ar.
As paredes frias e tristonhas tentam me consolar, mas é em vão, você já não está.
Sei que um dia haverá um reencontro.
Continue com o seu brilho intenso, sempre merecido por aí...Que, por aqui, vou tentando superar...



( Bethânia Santos - Fev.09)

Aquela bailarina...Aquela vida.


Aquela bailarina... Aquela vida.


Mais uma lembrança...e mais saudades. Cada cômodo, cada móvel...
Os gatos sorriram...(sorriram?!?)
Parei no corredor e fui direto ao seu quarto. Meus olhos passearam pelos espaços mínimos.

Sentei-me na sua cama limpa, pura, esticadinha como sempre... E aquela bailarina???
A covardia não me deixou manuseá-la, mas gostaria de tê-la colocado para tocar...
Fiquei pouco tempo. Passei pela sala e olhei uma nova cadeira que substituia a sua, mas "vi" você lá...É...acho que estava lá.
Acho que você ficou feliz... Engoli 'seco" duas ou três vezes. Parece que 'passaram alguns elefantes' pela minha garganta, mas...até que 'desceram direitinho' (pelo menos naquela hora). Conversei com ele (não era assim que "ele" se referia a você?). Pois bem, conversei com ele assuntos aleatórios, procurando palavras imbecis...só que me desconcentrava até para as palavras imbecis.

Olhava através da janela que dava para o seu quarto e parecia que você estava ali ou que iria aparecer de repente. (...)

A agonia começou desde que cheguei e estacionei...Tremia...Titubeava...
'Acho que não vou entrar.'
É determinei - "Não vou entrar!"
Toquei aquela campainha de som familiar e... ENTREI....
Uma onda visual e emocional me perturbava. Fiquei meio tonta. Tudo de volta, vozes, assobios.
A casa com ele, mas vazia. A casa comigo, mas vazia. A casa com a cachorrinha que ele arrumou, com os gatos, passarinhos, plantas...mas...VAZIA...
Tudo vazio. Um vazio imenso, um nó na garganta. Despedi-me.

Fui à escola, ri, aprovei alguns alunos, reprovei outros...

Tudo indo, tudo zen de novo...TUDO para MASCARAR o que havia sentido há poucas horas atrás.
Acabou o expediente - "Tchau, colegas! Bom feriado!" - tudo artificial, mecânico...como sempre.

Entrei no carro, deixei as caronas nos lugares de sempre e liguei o rádio: Titãs - "Eu não tenho mais a cara que eu tinha, eu não encho mais a casa de alegria..."
'Titãs' é o máximo!
E a gente, às vezes, ouve o que realmente precisa...ou para melhorar ou para nos tornarmos mais melancólicos ainda.

Cheguei a casa, saltei do carro, encontrei meus pais, que souberam que estive lá na sua casa - aliás, NA MINHA CASA DE INFÂNCIA e me deram os parabéns (PARABÉNS?!? Exatamente pelo quê??). Orgulharam-se de mim e eu com a mesma apatia do início, disse que estava tudo certo, tudo indo...

Entrei na minha casa (não a da infância, não a da adolescência...e sim, a casa da maturidade (como assim?..rs.) e, finalmente, DESABEI. Até que aguentei muito. Chorei no chuveiro, chorei no quarto, na sala. Doía tanto.
Eu não choro com mágoa, com raiva, não culpo a ninguém, somente choro de saudade. Aquela saudade que chega a arder o peito, a garganta, e que nos consome por inteiro. Saudade de quando ia dormir com você e você colocava as cadeiras ao lado da cama para que eu não caísse. Saudade dos biscoitinhos amarelos, dos danoninhos, das bonecas, saudade daquelas lacraias verdes dos coqueiros que a gente prendia nas vasilhinhas de manteiga vazia, saudade dos 'quebra-pedras' que eu ficava olhando você 'catar'...
Saudades muitas...daquele tempo que se foi...
Mas, "o Vóóóó" (assim que eu te berrava...), sinto falta das nossas conversas, dos seus cochilos, enquanto eu acabava de falar sozinha...rs

Sinto falta dos programas do Sílvio Santos, da sua carne assada, da sua torta de morango, do seu pudim, do seu "microondas de ferro" (aquela panela preta horrorosa, mas que ficava belíssima nas suas mãos...rs) e daquela vez que fui lá rapidinho, dizendo que não poderia demorar muito porque ainda não tinha feito o jantar e você tirou duas coxinhas de galinha da sua panela, colocou-as num potinho e disse que era mim e para o Josias.

Sinto falta do seu álbum antigo de retrato, daquelas fotos em preto e branco...umas até coloridas artificialmente, rs...Que saudade daquela coisa brega!
Sinto falta de você como a pessoa mais humilde e sofrida, mas que nunca deixava transparecer, estava sempre sorrindo, sempre assobiando.
Sabe, hoje, por coincidência é o seu aniversário... Choro, após algum tempo de sua ida.

Ser iluminado, anjo, 'vó' que foi capaz de perdoar o imperdoável, de receber em sua casa o que não deveria ser receptível...
VOCÊ é SUPERIOR a isso tudo, você é santificada...

Eu acho que ficou feliz com a minha ida à sua casa.
Na verdade, houve ali um paradoxo porque, como disse, me senti vazia, apática por não abraçá-la. Em contrapartida, senti uma paz, uma tranquilidade por ter regressado à minha casa de infância.


(Bethânia Santos - 15.11.07 - Para vovó Alice...)

Uma saudade



Tempo mágico.
Escuridão.
Olho ao redor e vejo um vazio.
Na verdade, o vazio não está no exterior...só está refletido nas paredes.
Paredes que parecem chorar.


Uma lágrima escorre. Saudade de você... Saudade que machuca ainda.
Teu doce perfume, cheiro da tua comida, tuas estórias, tuas piadinhas inocentes, tuas mãos enrugadas...

Saudade daqueles dias e daquela casa tão cheia de vida. Casa enfeitada com seus cantos...assobios.
A caixinha de música tinha aquela bailarina...Girava...girava...e ia parando...lentamente.


As cadeiras colocadas com todo cuidado ao lado da cama para que eu não caísse...
E o cheiro do café da manhã... o pão crocante do seu “microondas de ferro”.
Cheiro de terra molhada, flores cheirosas no jardim.
Plantas bem cuidadas...plantinhas tão amadas!

Gatos, pássaros...
Azul...felicidade...
A magia passou...terminou.
Ficou só na lembrança.
Magia não deveria ter fim...
Deveria??

Caí num mundo real. E hoje, só me restou esta saudade doída...

Este vazio...

Esta escuridão.







(Bethânia Santos - Para vovó Alice...)